Pequenos negócios: falta o Administrador profissional

Pequenos negócios: falta o Administrador profissional

Versátil, ágil e competitivo o segmento dos pequenos negócios contribui efetivamente para o desenvolvimento socioeconômico do país. Mas a profissionalização neste mercado de trabalho exige uma administração capaz de incrementar ainda mais seus resultados.



Um dos mais respeitados estudiosos brasileiros da Ciência da Administração, Alberto Chiavenato, autor de diversas obras sobre o assunto e conselheiro do Conselho Federal de Administração (CFA), define negócio como “um esforço organizado por determinadas pessoas para produzir bens e serviços, a fim de vendê-los em um determinado mercado e alcançar recompensa financeira pelo seu esforço”.

Este empenho organizado de produção é praticado por milhões de brasileiros que formam um universo empresarial poderoso. Entre 1985 e 2005, Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) contabilizou exatas 8.915.890 empresas formalmente instaladas no Brasil. Projetando este número para a atualidade, o resultado é muito superior: em 2012 foram registradas 538.685 novas empresas.  A esse portentoso universo empresarial devem ser computados, até dezembro de 2013, mais 3.659.781 microempreendedores individuais (MEIs) – figura jurídica criada pela Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008, para pessoas que trabalham por conta própria e que se legaliza como microempresário – segundo balanço da Previdência Social.

Para se avaliar melhor este universo é preciso saber que cerca de 99% desses negócios, enquadradas como micro e pequenas, são responsáveis por 20% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a R$700 bilhões, além de gerar 56,4 milhões de empregos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento tem crescido de forma consistente, demonstra vitalidade, grande capacidade de produção, flexibilidade para se adaptar ao mercado, rapidez na instalação e se adaptam rapidamente às circunstâncias. Mas revela algumas fragilidades — a principal delas, o padrão de gestão de negócio, que nem sempre segue uma linha profissional. E os pequenos pagam caro por isso, especialmente em setores mais competitivos, onde é comum assistirmos a grandes fracassos por falta de uma gestão adequada.

Ao planejar seu negócio o empreendedor muitas vezes incorre em erros primários –falta de planejamento, desconhecimento do mercado, subestimar o investimento inicial, não ter um foco definido, dificuldade em lidar com riscos, descontrole do fluxo de caixa, falta ou inadequada divulgação do negócio, superestimar o volume de vendas, escolher erroneamente sócios e parceiros – e quando fracassa, tende a colocar a responsabilidade na excessiva carga tributária do governo, burocracia do serviço público, inflação, saturação do mercado, concorrência, juros altos, sazonalidade, setor em estagnação ou retração. É claro que fatores externos ao negócio podem ser críticos, mas a principal causa de falência está relacionada muito mais à inadequada administração.

Estudo do IBGE divulgado em 2010 revela que de cada cem empresas abertas no Brasil, 76 encerram suas atividades em um ano de funcionamento, 61 em dois anos, e quase a metade (48) encerram suas atividades no terceiro ano de funcionamento. A maioria das empresas que abriram ou fecharam suas portas em um ano são de micro e pequeno portes. O estudo conclui que há “uma relação direta entre o porte das empresas e a taxa de sobrevivência”, ou seja, quanto menor o empreendimento maior a possibilidade de fracasso.

A função do Administrador torna-se mais decisiva diante das deficiências gerenciais e administrativas. É preciso sensibilizar o setor sobre a importância de uma administração profissional e uma das formas de se fazer isto, por exemplo, é criando assessorias que visem a grupos de pequenas empresas. Insistimos na tese de que apenas uma nova cultura empresarial neste seguimento será capaz de motivar o empreendedor a incluir em seu negócio, desde o início, a participação do profissional da Administração, contribuindo para uma vida longa e garantindo o sucesso do empreendimento. Ao agregar aptidões gerenciais específicas em sua formação, o Administrador é o diferencial necessário para incrementar o desempenho dos negócios de pequeno porte e contribuir de forma decisiva para a redução do índice de fracasso desses empreendimentos. E o mercado de trabalho neste segmento torna-se muito mais do que promissor.


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