CARNAVAL E AÇÃO SOCIAL

CARNAVAL E AÇÃO SOCIAL

Ricardo de Almeida Prado Xavier, administrador de empresas, é presidente da Manager Assessoria em Recursos Humanos.

No jargão empresarial, a expressão “dar o sangue pela companhia” significa empenhar-se no trabalho, “vestir a camisa”. Essa conotação pode, porém, transformar-se em uma ação real onde a doação de sangue passa a ser de alta relevância social.
Segundo Alexandre Szulman, médico responsável pelo Hemocentro Regional do Grande ABC, o número de doações de sangue cai cerca de 30% durante o Carnaval, com sérios dissabores para o sistema de saúde pública. O médico lembra que a baixa no estoque é comum nessa época do ano, tanto pela queda nas doações como pelo aumento do número de transfusões. “Esperamos aumento de aproximadamente 10% das transfusões no Carnaval, ocasionado principalmente por acidentes automobilísticos”, disse.
O que ocorre no ABC pode ser generalizado para os demais grandes centros populacionais do País, com maior ou menor intensidade. Embora os diversos órgãos encarregados de coleta se esmerem para manter as taxas de doação em ritmo médio aceitável durante o ano, essa meta dificilmente se concretiza por causa de sazonalidades e dos muitos preconceitos que rondam a atitude de estender o braço e se deixar drenar. No Rio de Janeiro, por exemplo, onde os foliões são mais numerosos, a queda na oferta de sangue chega à casa dos 50% no Carnaval, comparativamente a outras épocas do ano. E a demanda por transfusões também cresce proporcionalmente.
Vale ressaltar que alguns gestores empresariais apelam para a imaginação criadora e, com isso, conseguem “matar dois coelhos com uma só cajadada”. O responsável por uma empresa, que prefere não se identificar, localizada em Osasco, na Grande São Paulo, mantém com seus funcionários uma cordial ação solidária no Carnaval. Lembra que nesse período não há feriado. Embora muitos calendários apontem a terça-feira de Carnaval no rol de feriados, tal data é dia comum. No máximo, um feriado bancário.
Sabe-se, porém, que a realidade é outra: as pessoas preparam-se para a folia do carnaval e, seja feriado ou não, o fato é que o trabalho cai para segundo plano em todo o País. Assim, o empresário a que nos referimos faz um acordo com seus colaboradores. Eles doam sangue na semana anterior ao Carnaval, trazem o atestado e isso os libera do trabalho na terça-feira de Carnaval. A segunda-feira é compensada com horas de trabalho a mais durante a mesma semana. Cada um pode doar sangue onde quiser e os que não são habilitados para tanto também devem apresentar à empresa prova dessa situação.

Por fim, não custa lembrar: interessados em doar sangue devem estar em boas condições de saúde, ter entre 18 e 60 anos, peso igual ou superior a 50 quilos e comparecer ao posto de coleta bem alimentados e com documento de identidade com foto. Vale lembrar que homens podem doar a cada 60 dias e mulheres, a cada 90 dias. Não são aceitos doadores com gripe ou febre, mulheres grávidas ou amamentando, quem fez tatuagem ou cirurgias de grande porte há menos de seis meses, com comportamento de risco em relação à AIDS ou que contraiu hepatite após os 10 anos de idade.

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